Na sequência de mais uma ida ao cinema d’Os Gárgulas (ou
melhor dizendo, uma ida de JF ao bolso do PVD para lhe pagar o bilhete), decidi
escrever uma versão agargulada do recente filme “O Grande Gatsby”. Cá vai!
The Great PVD
A história começa com Spacider-man, um jovem com cara de
menino betinho internado no hospital pisquiátrico Magalhães Lemos a curar-se de
uma situação muito perturbadora que o traumatizou no passado.
Doutor Bigodaça –
Então diga lá como é que vai a mona.
Spacider-man –
Vai mal, doutor.
Doutor Bigodaça –
Pois vai mal, vai, que a sra. Infermeira ontem veio-se queixar que o jovem a
apalpou.
Spacider-man – Ai
apalpei? Peço desculpa, pensei que era um presunto.
Doutor Bigodaça – Não
peça nada desculpa que ela é uma ordinária. Olhe lá...isto agora dos segredos
parece que está na moda. É o livro O Segredo, é a Casa dos Segredos...E se você
fizesse um livro de memórias sobre o que se passou?
Spacider-man – Um
livro de memórias? Umm...eu sempre quis ser escritor...
Doutor Bigodaça –
Está a ver? O meu bigode nunca se engana!
Spacider-man –
Tem razão. Dê me lá umas folhinhas de papel reciclado e vamos ao trabalho.
Doutor Bigodaça
entrega-lhe uma resma de papel e Spacider-man começa a escrever.
Voz de Spacider-man –
Quando eu era jovem, nos loucos anos 20, eu mudei-me para Nova Iorque, uma
enorme cidade em expansão onde, tal como eu, ninguém parecia bater bem da bola.
Comecei a trabalhar primeiro a part-time no laboratório do dr. Connor, depois
como fotógrafo para o JJJ, depois...ups...corta! Enganei-me no filme! Estou
farto de interpretar a porra do Parker!!!
Take 2
Voz de Spacider-man –
Quando eu era jovem, nos loucos anos 20, mudei-me para o Ovo Este, em Nova
Iorque, enorme cidade em expansão onde ninguém batia bem da caçuleta.
Exatamente como eu. Comecei a trabalhar na bolsa a comprar ações para um gajo
qualquer. Mas havia uma pessoa que me intrigou desde o início, uma boa
pessoa...o seu nome era PVD (leia-se PiViDi).
PVD era meu vizinho. Vivia mesmo por trás da minha casa, num
grande e magnífico convento escondido entre frondosas àrvores. Sempre tive a
impressão que me vigiava.
PVD (à janela de
binóculos) – Isso! Tira a t-shirt!
Agora tira as calças, meu badalhoco! Amanhã vou te mostrar o meu quarto com
cama redonda e espelhos no teto!
Voz de Spacider-man –
Nessa altura eu conheci um homem chamado Tom JaFnan, velha estrela de sumo
universitário em Yale. Nasceu pobre, mas após anos de trabalho a bater punho e
a vender pipocas conseguiu acumular uma fortuna de 10 euros (líquidos).
JaFnan – Então
Spacider? Bora ir às putas?
Spacider-man –
Às...uh...não sei se seria boa ideia...
JaFnan – Tens
razão. Nós homens ricos não vamos às putas, pá. Isso era dantes! Agora
metemo-nos é com mulheres casadas! Anda daí que eu conheço umas quantas
galdérias.
Spacider acompanha JaFnan na sua aventura badalhoca até a um apartamento de amadoras da prostitução, onde acabam por beber muito e curtir com muitas mulheres gordas e de bigode.
Até que por fim, Spacider acorda sem saber como e
milagrosamente a dormir de boxers à porta de casa, com o misterioso PVD a
observá-lo de binóculos.
PVD – Cheiras a
sexo, meu tarado! Onde é que andaste pra voltares a estas horas?! Vais levar
tau tau!
Voz de Spacider-man –
No dia seguinte, enquanto passeava pelo jardim eu creio ter-me cruzado com
PVD. Ele estava de costas a olhar em frente para a outra margem do rio. Olhava
para uma luz lá ao fundo e por momentos pareceu tentar agarra-la.
PVD (fingindo
agarrar o OVNI) – Deus! Eu sabia que
tu existias!
Voz de Spacider-man – Alguns dias depois eu fui convidado para
a festa no grande convento de PVD. Apesar de estar lá meia Nova Iorque, aparentemente
eu fui o único formalmente convidado.
Spacider-man (lendo
o bilhete) – “Querido Spacider,
aceitas namorar comigo? Sim? Não? PS: Vem logo à noite à festa no meu convento.
É Man’s Night, homens não pagam nada. Beijinhos, o teu admirador secreto PVD.”
Voz de Spacider-man –
As festas de PVD eram deslumbrantes, estavam lá homens e mulheres de todas
as classes, alturas, pesos e copas de sutiã. A animação era muita.
Spacider (para um
gajo qualquer) – Afinal quem é este
tal de PVD? Põe a tocar Charlston? Mas que merda é esta? Ele que meta mas é uma
rockalhada pró pessoal curtir! Otário da merda...
Gajo qualquer –
Na verdade, my old son, eu sou o PVD.
Spacider engole em
seco.
Spacider – Ah...desculpe,
eu não fazia ideia.
PVD – Não tem
importância, my old son. Gostaria de viajar amanhã no meu carro funerário
forrado a talha dourada?
Spacider – Seria
uma grande honra! A que horas venho ter consigo?
PVD – Às horas
que estiver pronto, my old son. Mas só um pequeno detalhe...não traga cuecas.
PVD volta a
desaparecer entre a multidão e Spacider fica sozinho no meio dos outros
malucos.
Voz de Spacider-man –
Eu acabei por ir com PVD no seu carro funerário, e depois disso estive
também em inúmeras situações com ele, algumas das quais embaraçosas e outras
que colocam em causa a minha virilidade e orgulho másculo. Mas enfim, foi
divertido.
PVD com Spacider no seu carro funerário:
PVD – De certeza
que já ouviu falar muita coisa de mim. O que lhe contaram?
Spacider – Uh,
não me contaram muita coisa.
PVD – Diga lá,
não tenha medo. Príncipe, assasino, violador...São tudo disparates. Vou-lhe
contar a história da minha vida.
Voz de Spacider-man –
E ele começou a contar como passou de anónimo a um dos homens mais ricos de
Nova Iorque, mas quando ainda ia na primeira frase adormceu e tive de ser eu a
agarrar no volante e evitar que o carro chocasse contra a berma.
Alguns minutos
depois...
PVD – E então foi
assim que eu ganhei os meus joanetes.
Aparece a polícia por trás a buzinar.
PVD – Bem, é
melhor parar o carro.
Para o seu carro.
Polícia – O
senhor está em excesso de velocidade e a andar aos esses. Vai ter de me dar os
meus documentos e soprar no balão.
PVD – Sopra aqui,
meu cabrão! (exibe-lhe o dedo do meio e o cartão de PVD). Eu sou o PVD!
Polícia –
Desculpe, desculpe! Guie com cuidado sim?
Volta a sentar-se na mota e arranca.
PVD – Quins do
caralho...
Voz de Spacider-man –
De facto PVD era um homem interessantíssimo. Mas vim a saber que a sua
verdadeira paixão não eram os conventos nem os carros funerários forrados a
talha dourada. PVD estava apaixonado por uma mulher.
PVD (para
Spacider) – Eramos jovens. Conheci-a
enquanto estava a estudar para seminarista e fui lá com o padre para lhe benzer
a casa contra os maus espíritos. Pouco tempo depois fui para a guerra contra a
maçonaria e volvidos 5 anos nunca mais a vi...
Por favor fale com ela e convença-a a vir a sua casa tomar
um chá e umas torradas. Eu apareço todo janota com a minha batina nova e ela
volta a cair de amores por mim.
Voz de Spacider-man –
Sem saber bem porquê, eu acedi ao pedido de PVD e convidei a minha amiga
Daisy AR.
Daisy AR – Não
sei o que é que vim fazer. Estava tão descansada no meu sofá a ver o Goucha e a
Cristina...Flores!!! Tantas flores! Deves estar apaixonado por mim...
Derepente PVD aparece, elegantíssimo com a sua batina nova e
ficam ambos a olhar-se em silêncio até anoitecer.
Spacider começa a
ficar com sono e resolve dar um giro lá fora. Quando volta estão os dois a
comerem-se.
Spacider – Ei! Na minha cozinha não!
Daisy AR –
Desculpe, não sabia que era a sua cozinha.
Spacider – Não é
óbvio?!
PVD e Daisy AR continuam à conversa no convento
de PVD enquanto Spacider fica a fazer de vela. Daisy começa a chorar.
PVD – Daisy,
querida, porque estás a chorar?
Daisy AR – Tenho
um cisco no olho.
PVD (afagando-a) – Pronto, está tudo bem.
Daisy AR – Além
disso, não sei se sou capaz de deixar o meu marido JaFnan...
PVD – Ora, claro
que és! Não precisas de cometer o pecado de te divorciares, mas pudemos fugir
os dois para bem longe.
Daisy AR – Não
sei...vou pensar nisso.
PVD – Fica, que
eu vou rezar um pai nosso enquanto fico à espera do teu telefonema.
Entretanto PVD
adormece, e quando acorda continua à espera do telefonema. Enquanto isso, ele
decide dar umas voltas com a sua dama no carro funerário.
PVD – Filha, isto
é que é vida! – Diz ele de dentro do caixão.
Naquele momento, uma ordinária discute com o marido, o
mecânico e garajista George MR.
MR – Sua vaca!
Andas-me a trair com um finório, não é? Quem é o gajo? Quem é o gajo??? Quem
foi que te deu essa coleção de DVD’s dos chineses?
A mulher vê o carro a
passar e pensa que é de JaFner e desata a correr para o meio da rua.
Mulherzinha –
JaFner! JaFner! És tu, meu a amante ilegítimo que me ofereceu a coleção inteira
em DVD do Prison Break ainda com a
etiqueta de preço verde da FNAC colocada!
Mas o carro acaba por
embater na senhora e esta falece instantaneamente.
Daisy AR – Ups!
Atropelei uma gaja. Não é nada comigo...
E continua em frente
no seu carro enquanto PVD se encolhe ainda mais dentro do caixão almofadado do
carro funerário.
MR –
Nãaaaaaaao!!!! Querida! Não faleças, que ainda não me fizeste o jantar! Ó
filha...olha que eu não sei estrelar um ovo! – Diz ele para a mulher
inconsciente enquanto a abana.
Nisto vai a passar JaFner, já desconfiado que a mulher
andava enrolada com PVD e depara-se com um grande aparato. A estrada estava
cortada e uma multidão encontrava-se entre a polícia no local do acidente.
JaFner – Que é
que será que se passou?
JaFner sai do carro e
vai ao encontro da polícia.
Polícia – Não
pode passar!
JaFner – Deixe-me
ver a vitima!
JaFner desenrola a
mantinha e visiona o rosto desfigurado da moça.
Polícia –
Conhece-a?
JaFner –
Uh...Não, nunca a vi mais gorda! Nem com menos feridas.
Mas JaFner vê o seu amigo Tom MR chorando a um canto e vai
ter com ele.
JaFner – MR, os
meus pêssames.
MR – Ela não
merecia...era uma grande vaca mas não merecia – Chora MR.
JaFner – Eu sei, eu
sei – Consola-o JaFner.
MR – De certeza
que era o mesmo gajo que a andava a comer...Mas porque é que ele tinha de a
matar, porquê?!
JaFner – Não, se
faz, não se faz. Mas olha, eu sei quem é o gajo.
MR – Quem?
JaFner – Como é
que se chamam aqueles depósitos de vapor?
MR – Physical Vapor
Deposition
JaFner – Isso!
PVD! Trata-lhe da tosse. Faz-lhe um chá com mel, da-lhe uns rebuçados de mentol...e
depois...depois mata-o!
MR – Sim, vou
curar o velhinho! De vez! Muahahahaha! (olhar de possuído).
De volta à estrada...
Galdéria – Quem
era?
JaFner – Uma gaja
qualquer. Vamos embora que esse filho da puta não deve estar muito longe.
Arrancam com o carro.
Horas mais tarde, Spacider-man encontra-se à porta de casa
de JaFner onde tinha acabado de jantar uma francesinha e despede-se de JaFner e
de Daisy AR. Ele começa a ouvir um barulho por perto.
PVD – Psst!
Spacider – Uh?
PVD – Psst! Spacider!
Spacider-man
aproxima-se.
Spacider – PVD?!
O QUE ESTÁS AQUI A FAZER? ÉS MALUCO? TÁ O GAJO DE CAÇADEIRA ATRÁS DE TI E TU
AQUI EM BAIXO...
PVD – Xiuuuu!
Tenho tudo controlado, my old son. Trago aqui uma old nossa senhora de Fátima
que comprei ali numa old loja da baixa que é uma categoria! Observa...
Spacider fica a olhar para a estátua durante um minuto, até
perceber que aquela estátuan de Nossa Senhora era uma estátua de Nossa Senhora completamente
igual a todas as outras estátuas de Nossa Senhora.
Spacider – Mas o
que é que vais fazer com isso?
PVD – Não é óbvio?
Spacider – Rezar?!
PVD – Qual rezar
qual quê! Segura aqui nisto, old son.
Spacider segura num
estranho pacote de papel com várias saquetas enquanto PVD pega numa delas e
abre-a, despejando a papa para a boca da estátua.
PVD – Pronto,
pronto. Já não tens fominha?
Entretanto JaFner
apercebe-se pelo barulho da presença dos sujeitos no local e vai a correr com a
caçadeira e desata aos tiros.
PVD (para Daisy
AR) – Liga-me, não te esqueças!
Spacider agarra em PVD
e ambos desaparecem pelo arvoredo.
PVD (para
Spacider) – Bem, já que estamos aqui
sozinhos no meio do mato...
Spacider – Não.
Não...
PVD vai para junto de uma àrvore, agacha-se e faz as suas
necessidades.
PVD – Pronto. Já
descarreguei o meu cocó de ouro.
Abandonam o local,
deixando as fezes de ouro a brilhar no chão.
Um dia depois, PVD encontra-se já no seu convento com
piscina, acompanhado pelo seu melhor amigo Spacider.
PVD – Não usei
esta piscina durante todo o verão. O que é lamentável porque ela foi enchida
com 100% àgua benzida pelo novo papa Francisco, que é um papa com uma cara
extremamente abiscoitada.
Spacider – De facto...
PVD – Não quer
nadar comigo na piscina?
Spacider – PVD,
mas tu pensas que eu ando na Católica?! Eu não passo a vida a coçar a micose e
depois apareço com altos dezoitos na pauta! Vou estudar. Xau!
PVD – Compreendo.
Vai na paz do Senhor, my old son.
Mergulha na sua
piscina nos seus calções de banho até ao pescoço.
Voz de Spacider-man –
Naquela tarde, eu não consegui estudar nada. Passei o tempo todo a pensar
porque raios alguém teria uma porcaria de uma piscina de àgua benta em casa...É
de doidos!
Enquanto PVD nadava na sua piscina surge surrateiramente MR
com os seus olhos de possuído e de pistola na mão e dispara nas costas de PVD.
PVD – Ai. Mataram-me.
Ouve-se o telefone a tocar.
PVD – Bem, pelo menos ela sempre me ligou. Eu sabia que Deus
não me ia abandonar.
Cai na piscina mergulhado numa poça de sangue. MR aponta a
pistola à guela e falece também.
Voz de Spacider-man –
Ninguém foi ao funeral de PVD. A cidade inteira tinha frequentado as suas
festas deslumbrantes, cheias de luz e de cor, mas na hora da morte...todos se
esqueceram dele. E todos o culparam pelos males da cidade. A sua reputação
ficou terrivelmente manchada.
Mas pelo menos não foi embora sem inventar um novo
detergente que remove todo o tipo de nódoas, incusivé nodoas de carácter.
Esperemos que não seja uma aldrabice. Como diria o próprio PVD, só espero que
fiquem todos na paz do senhor. Old sons!
Spacider mira a capa do seu novo romance acabadinho de sair,
com o título PVD e acrescenta-lhe a caneta “O Grande” PVD.
FIM
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