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Assembleia da Javardice

Hoje fui a uma visita de estudo a Lisboa, que infelizmente, apesar de ter tido que acordar ás 6 da manhã e regressar por volta das 21:30, passava apenas por visitar um ponto de interesse - o Mosteiro dos Jerónimos.
Ainda andei á procura por Lisboa inteira, mas através do vidro da carrinha, nem sinal do Socras. Nem mesmo na rua Brancamp. Devia estar na caminha.
Mas por acaso, e conforme estava planeado, acabamos por já agora dar um saltinho a aquela coisa chamada Assembleia da República.
Mal chegamos ao imponente edifício, tivemos de aguardar uma meia hora á espera no exterior + meia hora á espera no interior.
Como se não bastasse ainda tivemos de deixar todos os objectos que transportássemos connosco em saquinhas transparentes entregues aos polícias no piso de baixo do edifício.
Depois subimos umas enormes escadarias e aí vimos o primeiro sinal de que a Assembleia da República era uma fraude (mais tarde também descobrimos que era uma javardice):
Havia um multibanco no interior, mas não havia um elevador! O que significa que tivemos de subir uma escadaria enorme (o que para os deputados mais idosos deve ser muito cansativo...pelo menos para mim foi).
Quando chegamos lá em cima levamos com a 3ª seca do dia, umas recomendações sobre o que não devíamos fazer lá dentro, durante o debate (como se já não houvessem suficientemente poucas coisas para se fazer ).
Basicamente, passavam por não falar (e tudo o que está associado a isso), não bater palmas, não dormir, não encostar a cabeça, não cruzar as pernas, etc.
Ora, mal chegamos á "casa da democracia" somos assaltados e silenciados pelas autoridades...um bom começo sem duvida.
Mas o pior é que mal encaramos os deputados percebemos imediatamente que de facto "todos os animais são iguais mas uns são mais do que outros".
Ao contrário do que vemos na televisão, aquela minúscula Assembleia estava apinhada de deputados javardos que atendiam e faziam telefonemas, falavam de uma ponta da bancada á outra, bocejavam, liam o jornal e viam e-mails pouco políticos que continham a palavra "sexo".
E eu ali muito quietinho a ouvir os meninos a falarem sem pode esticar um dedo enquanto eles estavam ali na maior.
Mas como é óbvio, se eu optasse por não cumprir as regras era imediatamente expulso pelas autoridades e juntamente comigo iria toda a restante audiência que tratava de me agredir lá fora com a permissão das autoridades.
Como se tal não bastasse, calhou-me um péssimo lugar, onde apanhei com uma coluna á frente e que me impossibilitou de ver grande parte dos deputados da esquerda.
Privado dos meus objectos de entretenimento pessoal, e também dos outros, com uma desinteressante coluna á frente e um grande cansaço da viagem, comecei a ficar com sono, e por isso, não tive outra alternativa senão esticar o pescoço para a esquerda e ficar a olhar o Louçã até nos irmos embora dali.
Talvez a minha fixação por Louçã tenha sido uma espécie de presságio, nesse debate, a proposta do BE de levantar o sigilo bancário acabou por ser aprovada apesar do PS ter maioria absoluta.
Foi um grande feito e nas palavras deste, "um momento importante para a democracia".
Mas não passara nem meia hora e fomos logo embora antes do debate acabar e sem que me fosse dada qualquer explicação. Mas os motivos, parecem-me evidentes.
Saí dali desiludido, e pior, com um torcicólogo no pescoço em troca de uns 15 minutos a 10 metros de distância de Louçã. Foi um preço demasiado caro.
Decidi não mais voltar lá a menos que mude de espécie de animal.

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